Eu gostava do canto dos
passarinhos, gostava da assovio do vento, do miar do gato, do
latir do cachorro, e do som que fazia a coruja. Eu amava aquele lugar,
nunca vi lugar melhor que aquele, eu acompanhei cada momento, acompanhei
cada estação, cada mudança de clima, mudança de cores, sons e
sensações. Eu via caindo folha por folha da velha árvore de Aroeira, vi
as águas brotando da rocha, e a sua cor, mudando conforme espelhava o
céu. Eu me vi muitas vezes sentada de baixo da pitangueira lendo contos
de fadas, enquanto caia pequenas pitangas no meu colo. Eu via nuvens de
borboletas, de urso, peixe, flor, eu via seres voando, unicórnios
correndo contra o vento, nos campos e bosques daquele lugar. Lá tinha de
tudo, e de tudo. Eu nunca estava sozinha, estava rodeada de seres, eu invejava aquela
cauda grande e brilhante das sereias, que estavam cantando com aquela
voz hipnotizante, sempre sentadas em rochas, penteando seu lindo cabelo
macio, com aquele pente de ouro, se embelezando para os tritões que
estavam abaixo do mar. Logo apareciam duendes que traziam doces, doces
tão gostoso que derretia a cada mordida, as fadas ficavam voando, sempre
com sua varinha, espalhando amor, ternura e bondade. Aquele lugar era
lindo, perfeito, aquele lugar era meu, meu mundo. Eu vivia em puro
êxtase.
Resolvi então, conhecer o famoso mundo cruel que todos falavam, entrei no disco voador e chegando nesse lugar, fui jogada nua, assim como um feto que cria vida e sai do útero de sua mãe, logo me deparei com um barulho que nunca ouvi antes.
Conheci o Deus que une e a religião que separa, conheci a violência que vem de quem a abomina, conheci a guerra de quem busca por paz, conheci a política que roubava o mundo que prometia ajudar, conheci pessoas ruins e algumas boas. Esse mundo era estranho não tinha água, era sujo, feio, não tinha cor, não tinha gosto, não tinha som, e tinha cheiro. Faltava cores nesse lugar, não tinha o canto do vento, gosto de liberdade ou cheiro puro de paz. Eu me vi assustada, me vi chorando e eu não sabia o porque. Nesse lugar eu conheci a tristeza, e via que assim como a felicidade ela também tira água dos olhos. Eu não gostei desse lugar aqui, as pessoas não vivem, apenas sobrevive a base de morfina. Imediatamente me desliguei desse mundo, e fui para o meu mundo que eu chamava de sonho. Tentei uma, duas, três vezes, mas eu ele tinha sumido, não existia mais nada além de muita poeira, como na areia e o vento opaco do sertão. E desde então estou presa nesse mundo que chamamos de terra.
Resolvi então, conhecer o famoso mundo cruel que todos falavam, entrei no disco voador e chegando nesse lugar, fui jogada nua, assim como um feto que cria vida e sai do útero de sua mãe, logo me deparei com um barulho que nunca ouvi antes.
Conheci o Deus que une e a religião que separa, conheci a violência que vem de quem a abomina, conheci a guerra de quem busca por paz, conheci a política que roubava o mundo que prometia ajudar, conheci pessoas ruins e algumas boas. Esse mundo era estranho não tinha água, era sujo, feio, não tinha cor, não tinha gosto, não tinha som, e tinha cheiro. Faltava cores nesse lugar, não tinha o canto do vento, gosto de liberdade ou cheiro puro de paz. Eu me vi assustada, me vi chorando e eu não sabia o porque. Nesse lugar eu conheci a tristeza, e via que assim como a felicidade ela também tira água dos olhos. Eu não gostei desse lugar aqui, as pessoas não vivem, apenas sobrevive a base de morfina. Imediatamente me desliguei desse mundo, e fui para o meu mundo que eu chamava de sonho. Tentei uma, duas, três vezes, mas eu ele tinha sumido, não existia mais nada além de muita poeira, como na areia e o vento opaco do sertão. E desde então estou presa nesse mundo que chamamos de terra.
"Quem souber o caminho de volta, me avise por favor."